Durante o carnaval passei certo tempo assistindo aos noticiários e jornais locais e nacionais. Notícias constantes nessa época do ano são sobre os inúmeros acidentes automobilísticos que acontecem nas estradas e cidades brasileiras. Cerca de 90% dos casos são causados por problemas de manutenção dos veículos ou por negligências às leis do trânsito.
Pensando no automodelismo, as coisas não são diferentes. Em se tratando de motivos para acidentes e prejuízos ocorridos neste esporte, muito ainda se deve ao descuido do dono do automodelo e a falta de manutenção de peças fundamentais.
Certamente aqueles que praticam o automodelismo há alguns anos já usaram e abusaram de seus equipamentos até o fim da vida útil deles (das baterias, dos pneus, dos rolamentos, dos servos e do motor, entre outros). Por ser diferente do aeromodelismo, nossas réplicas estão no chão e certos automodelista acham que é mais “seguro” (não cairá na cabeça de ninguém) e que não precisam ter tanto cuidado como costuma ter a maioria dos praticantes do aeromodelismo.
É óbvio que não existem placas do tipo “Atenção - verifique a freqüência do seu rádio” ou “verifique a carga de sua bateria”. Algumas coisas parecem básicas para quem já é experiente no assunto. Mas o que preocupa neste esporte são os iniciantes. É comum observar em parques e estacionamentos onde o pessoal se reúne para andar, pessoas desavisadas que compram automodelos pensando que são como “carrinhos de controle remoto”.
Muitos desses novatos esperam se divertir e não tem a real noção do perigo que podem causar a si mesmos ou aos que estiverem no local. Enganam-se muito, pois um automodelo, em funcionamento, pode machucar e causar prejuízos físicos ou materiais significativos. Algum desses problemas eu posso relacionar:
- o motor de um automodelos movido à combustão, por exemplo, chega a atingir temperaturas que causam queimaduras graves (de 1º ou 2ª grau);
- o combustível é altamente inflamável e tóxico;
- baterias de Lipo mal armazenadas ou perfuradas podem sim pegar fogo;
- um automodelo desgovernado pode fraturar uma perna/pé/braço de um pedestre (o risco de atropelamentos é maior em locais com crianças e jovens de bicicleta, skate e patins);
- um automodelo sem controle pode bater em outro ou em um carro estacionado próximo, danificando ambos;
- a interferência em rádios AM é grande e são poucas as freqüências disponíveis em automodelos “Ready-to-Run”.
Esses e muitos outros problemas poderiam ser evitados se houvesse mais informação sobre o assunto, na hora de adquirir um automodelo. Conheço pelo menos uma empresa brasileira que entrega uma carta ao consumidor, alertando-o que o automodelo não é “brinquedo” e que não deve ser entregue nas mãos de uma criança. Isso ajuda, mas é preciso mais. É preciso mobilizar a turma para alertar os iniciantes e incentivar a prática em grupos, onde muitos problemas podem ser minimizados ou controlados.
As famosas gambiarras também são fáceis de serem observadas e nessas horas o que prevalece é a famosa Lei de Murphy - quando uma coisa pode dar errado, ela certamente dará! Portanto, cuide de seu automodelo. Ele pode sim causar danos e prejuízos para você e para aqueles que estão te observando ou próximo de você. Depois não diga que eu não avisei.